NOSSAS AVES


Falco femoralis (Temminck, 1822)

   Descrição: O falcão-de-coleira, espécie esbelta e com excelente vôo, possui cerca de 36 cm de comprimento. Apresenta uma listra superciliar branca na cabeça, a qual prolonga-se até a nuca (nenhum outro falcão brasileiro possui algo parecido, o que facilita a identificação). Abaixo do olho, apresenta uma marca cinza escura, quase negra, em forma de lágrima. A longa cauda negra possui sete faixas brancas estreitas. Em vôo, é possível ver a linha branca da ponta das longas penas das asas. O juvenil possui as partes inferiores brancas, com estrias escuras.

   Alimentação: Caça pequenos vertebrados, capturando inclusive serpentes peçonhentas; além destes animais, caça aves, insetos e lagartos. O casal costuma cercar a presa cooperativamente (a fêmea é 1/3 maior do que o macho) comportamento de cooperação pouco comum entre as aves de rapina. Em geral, caçam a partir de pousos fixos, com o macho iniciando a perseguição e cansando a presa, para a fêmea abatê-la. Hector (1985) registrou o falcão-de-coleira predando um Aracuã (Ortalis vetula) pesando entre 470-685 g.

Também caça peneirando, em geral insetos (igualmente faz o gavião peneira). Nas queimadas, mantém-se pousados próximos à frente do fogo, capturando insetos e pequenos vertebrados assustados pelas labaredas. Seus vôos de caçada são feitos à pouca altura do solo ou vegetação, praticamente camuflando o falcão. Próximo à presa, ganha altura de repente. Muitas vezes, é possível observá-lo pousar em uma árvore isolada, surgindo virtualmente do solo (Antas, 2005; Sick, 1997). No Parque Nacional das Emas, foi visto associar-se ao lobo-guará ao qual segue para apoderar-se de animais por ele espantados na vegetação rasteira. (Silveira et. al, 1997).

   Reprodução: Tipicamente o falcão-de-coleira não constrói ninhos, usa ninhos de outras espécies de gaviões ou de outras aves. Bota de 2 a 3 ovos, raramente 4, com um período de incubação de 31 a 32 dias (Antas, 2005; Lencione-Neto 1996; Sick, 1997). Os ovos, brancos ou branco-avermelhados e manchados de pardo, normalmente vermelho-pardos, medem 40-48 x 31-36 mm. O casal incuba os ovos e cuida dos filhotes. O filhote voa entre 4 a 5 semanas de vida, um desenvolvimento muito rápido, quando comparado com outras espécies de gaviões. No período de reprodução são bastante agressivos, geralmente os casais vocalizam quando um intruso se aproxima do ninho, além do alarme constante os falcões-de-coleira costumam dar sobrevôos rasantes contra o invasor (del Hoyo 1994; Granzinolli, et al. 2002).

   Distribuição Geográfica: O falcão-de-coleira, apresenta uma ampla distribuição geográfica, ocorrendo desde o sudeste dos Estados Unidos à Terra do Fogo e em todo território brasileiro, exceto nas regiões densamente florestadas do norte do Brasil (Sick 1997).

   Subspécies: São conhecidas 3 subspécies, F. f. septentrionalis: ocorre do sul dos Estados Unidos (Texas, Arizona e Novo México) ao sul do México (Chihuahua, Oaxaca, Sinaloa) e Guatemala; F. f. femoralis: Belize, Honduras e Nicarágua oriental (Mosquitia) Panamá, leste da Colômbia, Guianas da Bolívia oriental, por todo o Brasil, Argentina até Uruguai; F. f. pichinchae: sudoeste da Colômbia, Equador, Peru e Bolívia, até o noroeste do Chile (Arico de Curicó e noroeste da Argentina (Tucumã).

   Hábitos/Informações Gerais: O falcão-de-coleira é uma espécie campestre, habita ambientes abertos, como por exemplo, cerrados, cerradões e, às vezes, na periferia de áreas urbanas, ambientes o qual o favorece. Além de peneirar ocasionalmente, costuma fazer planeios longos e altos, utilizando-se das correntes de ar quente ascendente para ganhar altura. Sua silhueta de longa cauda, com as asas pontiagudas e longas é notável nessas ocasiões. Tem o hábito de pousar em árvores diante das queimadas, para assim localizar presas que estejam fugindo do fogo. Em meados de 1930, o falcão de coleira sofreu um grande declínio populacional no México e Estados Unidos, possivelmente por contaminação de pesticidas que eram utilizados na época (Héctor 1987). É considerado um migrante parcial e também altitudinal em algumas áreas de sua distribuição. Populações setentrionais e meridionais são provavelmente migratórias, embora os movimentos sejam em grande parte irregulares (Bildstein, 2006).



Parabuteo unicinctus (Temminck, 1824)

   Descrição: O gavião-de-asa-telha, espécie de médio porte, mede de 48 a 56 cm de comprimento, com uma envergadura que pode atingir até 115 cm. Assim como a maioria das aves de rapina, ele é uma espécie bastante arisca, não permite a aproximação de humanos com facilidade. Possui a plumagem castanho-escura, com as coberteiras, escapulares (nas asas) e das coxas, com coloração castanho-avermelhada. As penas cloacais e a extremidade da cauda têm cor branca. A fêmea tem plumagem semelhante à do macho, mas é maior. As subespécies Norte-americanas são maiores que as do Brasil, e além disso os indivíduos Brasileiros possuem uma plumagem mais clara, bem ao contrario das norte-americanas que possuem uma coloração castanha bem escura.

   Parabuteo vem do grego para, "perto ou próximo", ou seja, "similar ao Buteo". unicinctus vem do latin uni, "uma vez" e cinctus, "cercar - rodear", uma referência para a faixa branca na base da cauda.

   Alimentação: Como principal método de caça, usam um poleiro para observar a presa e então se atiram sobre ela. Ele abre suas asas, para abafar a reação da presa (como uma cobra por exemplo) evitando levar uma picada no corpo. Preda principalmente pequenos vertebrados, mas não despreza insetos grandes, conforme o tipo de presa mais comum na região onde se encontre pode caçar todo tipo de ave até o porte de uma galinha, mamíferos até o porte de um coelho, já tendo sido encontrados entre os restos das suas presas gambás, frangos d’água, pombas silvestres, ratos do mato, passarinhos diversos, codornas, pequenas garças entre outros. Uma caracteristica interessante desta espécie é que eles caçam em bandos, geralmente de até seis indivíduos, o que lhes permite capturar presas maiores, como coelhos, que são rápidos para serem caçados por uma só ave. Também divide a caça.

   Reprodução: Este gavião constroe o ninho em árvores, cactos, etc. usando ramos e galhos para a construção do ninho. Botam de dois a quatro ovos (em média três), cuja incubação dura 33 a 36 dias. As crias são totalmente dependentes dos pais durante os primeiros tempos de vida, igualmente nas outras aves de rapina. Os juvenis abandonam o ninho com cerca de 40 dias, mas permanecem próximo deste durante três a quatro meses.

   Distribuição Geográfica: Se distribui do Sudoeste dos EUA (do Texas à Califórnia), no México e em zonas áridas da América Central e do Sul, Ocorre no Brasil oriental, meridional e central.

   Hábitos/Informações Gerais: Caçam em voo ou em poleiros, mas é incomum caçarem planando, característica comum dos Buteos. Habitat áreas desertas, campos, cerrados e fronteiras de florestas. O Gavião-de-asa-telha habita regiões campestres, comum em áreas de várzeas, pastagens, campos de cultivo e campos nativos como o cerrado e a caatinga, desde que encontre nesses locais presas suficientes para manter a espécie. Uma característica notável é que esta espécie costuma caçar em bandos, coisa pouco comum entre as aves de rapina caçadoras, já que a maioria são anti-sociais São bastante inteligentes caçando cooperativamente.

Essas duas espécies foram selecionadas por nossa equipe de falcoeiros por serem espécies de fácil socialização, se adaptam facilmente a determinadas situações, como diferentes locais e diferenças climáticas. Aves que matem vôo próximo aos falcoeiros e possuem potencial para a captura dos principais “animais-praga”, exemplo, as garças, quero-quero, pombos, andorinhas e etc.

Só trabalhamos com aves registradas e autorizadas pelo Ibama, as mesmas são treinadas exclusivamente por nossa equipe, passando total confiança e garantia de nosso trabalho.



Referências:

Antas, P. T. Z. Aves do Pantanal. RPPN. Sesc: 2005.

Bildstein, K. 2006. Everywhere birds. Hawk Mountain News 105:10-12.

Del Hoyo, J., ELLIOTT, A. e SARGATAL, J. 1994. Handbook of the birds of the world. Vol 2. New World vultures to Guineafowl. Lynx Edicions, Barcelona. 639pp

Granzinolli, M. A. M.; Rios, C. H. V.; Meireles, L. D.; Monteiro, A. R. Reprodução do falcão-de-coleira Falco femoralis Temminck 1822 (Falconiformes: Falconidae) no município de Juiz de Fora, sudeste do Brasil.Biota Neotropica, v2 (n2) 2002

Hector, D.P. 1981. The habitat, diet and foraging behavior of the Aplomado falcon, Falco femoralis (Temminck). M.S. thesis, Oklahoma State Univ. Stillwater.

Hector, D.P. 1985. The diet of the Aplomado Falcon (Falco femoralis) in eastern Mexico. Condor 87:336-342.

Lencine-Neto, F. 1996. Reprodução sincrônica entre Elanus leucurus (Vieillot, 1818) e Falco femoralis Temminck, 1822 (AVES, ACCIPITRIDAE/FALCONIDAE. Comum. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS. Ser. Zool. 9: 37-44. Oklahoma. 189pp

Olmos, Fábio; Pacheco, José Fernando & Silveira, Luís Fábio (2006): Notas sobre aves de rapina (Cathartidae, Acciptridae e Falconidae) brasileiras. Revista Brasileira de Ornitologia 14(4): 401-404.

Sick, H. Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 862p. 1997.

Silveira, Leandro, JÁCOMO, Anah T. A. , RODRIGUES, Flávio H. G. , E CRAWSHAW JR., Peter G. - " Hunting Association Between the Aplomado Falcon (Falco femoralis) and the Maned Wolf (Chrysocyon brachyurus) in Emas National Park, Central Brazil". The Condor, volume 99, 1997, páginas 201–02.